8.7.07

Meu professor de Teoria da literatura, Caio Meira, escreveu no seu livro "coisas que o primeiro cachorro na rua pode dizer", poesias relacionadas a experiência do caos.


"(...)
as direções que as coisas tomam
numa praça ou numa rua distante
mas o sol é o mesmo,
astro indiferente queimando a sua órbita sem fim
o mesmo sol inunda o nômade
atravessando o deserto do Mojave
ou apodrece a perna de um escritor
entregue à morte na fronteira da
Tanzânia com o Quênia

em Botafogo, na arquibancada
à esquerda das cabines de rádio do Maracanã,
em réstias, sufocante dentro de uma cela em Bangu 2
(...) ".


Pra começar a zonear tudo, toda essa confusão da mente pro papel,
todas essas coisas supostamente acontecendo, ele - o professor - possivelmente foi buscar inspiração em um quarto tranquilo na França.

Agora, a minha própria experiência do caos: exatamente no dia em que artistas na Europa cantam para chamar atenção para o aquecimento global, o Cristo Redentor é eleito uma das sete maravilhas do mundo, enquanto um livro escrito por um músico-culinarista escocês é queimado dentro de um Palio roubado, numa favela do Rio de Janeiro, a qual o tal escritor escocês jamais sonhará em conhecer.

Essa vida é ou não é uma natureza?

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