31.7.07

paciente terminal.

23.7.07

o amor não tira férias.

14.7.07

Maria

das dores, eu senti quando soube

de você aos 10, com medo da professora, sem dinheiro para encapar cadernos

de você aos 25, querendo escapar das ataduras do conjugue animal

de você aos 31, das coronhadas de cargas horárias de trabalho

de você aos 40, das sacolas de compras, chorando, subindo ladeira

de você aos 46, espremendo as horas, mexendo panelas, espremendo o peito de leite

de você aos 60, em emergência de hospitais, perdendo amores.

de você e você e você, amargando.

8.7.07

Meu professor de Teoria da literatura, Caio Meira, escreveu no seu livro "coisas que o primeiro cachorro na rua pode dizer", poesias relacionadas a experiência do caos.


"(...)
as direções que as coisas tomam
numa praça ou numa rua distante
mas o sol é o mesmo,
astro indiferente queimando a sua órbita sem fim
o mesmo sol inunda o nômade
atravessando o deserto do Mojave
ou apodrece a perna de um escritor
entregue à morte na fronteira da
Tanzânia com o Quênia

em Botafogo, na arquibancada
à esquerda das cabines de rádio do Maracanã,
em réstias, sufocante dentro de uma cela em Bangu 2
(...) ".


Pra começar a zonear tudo, toda essa confusão da mente pro papel,
todas essas coisas supostamente acontecendo, ele - o professor - possivelmente foi buscar inspiração em um quarto tranquilo na França.

Agora, a minha própria experiência do caos: exatamente no dia em que artistas na Europa cantam para chamar atenção para o aquecimento global, o Cristo Redentor é eleito uma das sete maravilhas do mundo, enquanto um livro escrito por um músico-culinarista escocês é queimado dentro de um Palio roubado, numa favela do Rio de Janeiro, a qual o tal escritor escocês jamais sonhará em conhecer.

Essa vida é ou não é uma natureza?